Há uma atmosfera deliciosa, quase naïf nestes pôsteres. Ao longo dos anos, as palavras reiteram: encontro, acreditar, ser feliz, simplicidade, criança, brincar, sorriso, dar as mãos, paz, mundo interior, sonhos, vida, viver a vida, pintar o céu, horizontes, voar, viajar, fazer caminhos.

Palavras comuns do coloquial. Do dia a dia. Deliciosamente naïfs essas palavras.

Mas que ditas, reditas, pensadas, repensadas começam a penetrar. Palavras que definem ações não cumpridas, esquecidas, espezinhadas, rejeitadas, desprezadas, ignoradas, ridicularizadas. Assim, é preciso repetir, reiterar, dizer uma, duas, dez, cem, mil vezes: ser feliz, simplicidade, criança, mundo interior, vida, horizontes, sonhos, dar as mãos, voar, viajar, fazer caminhos.

Repetir à exaustão, para ver se entram nas cabeças, se comovem, se demovem, se removem, se cobrem essa violência, vaidade, narcisismo, mercantilização, irrealidade, loucura, absurdo, egoísmo, brutalidade, agressividade, sequestro de amor, ausência de bondade, ânsia por guerras, armas, sangue, drogas, ideologias, políticas, economias desumanas, estupidez, mediocridade, caretismo, superficialidade, vazio, ambição.

Naïfs, sim. Gostosamente. Repita, Rino, repita.

Bata no ferro frio. Água na pedra dura. Vento no rochedo. Ferro se molda, a pedra gasta, os rochedos tomam novas formas, vergastados.

Repita, Rino, repita.

Encontro, acreditar, ser feliz, simplicidade, criança, brincar, sorriso, dar as mãos, paz, mundo interior, sonhos, vida, horizontes, voar, viajar, fazer caminhos.

Mais uma vez.

Encontro, acreditar, ser feliz, simplicidade, criança, brincar, sorriso, dar as mãos, paz, mundo interior, sonhos, vida, horizontes, voar, viajar, fazer caminhos.

Continue, Rino.

Encontro, acreditar, ser feliz, simplicidade, criança, brincar, sorriso, dar as mãos, paz, mundo interior, sonhos, vida, horizontes, voar, viajar, fazer caminhos.

Outra vez... Mais um pouco...

Ignácio de Loyola Brandão